Peru além do ceviche
Pedro Marques
06/11/2018 16h24
Vieiras a la plancha, preparadas pelo chef Fransua Robles, do restaurante La Picante, em Lima (crédito: Divulgação)
Semana passada, foram anunciados os vencedores de 2018 do Latin America's 50 Best Restaurants, prêmio criado em 2013 para (surpresa!) eleger os 50 melhores restaurantes latino-americanos. É também uma das versões regionais – a outra é asiática – do 50 Best Restaurants, que tem a ambição de eleger os melhores estabelecimentos gastronômicos do mundo.
Pretensões à parte, o que vale observar em relação à versão latino-americana é que apenas restaurantes peruanos alcançaram a primeira posição no ranking desde que ele surgiu: Gaston y Astrid, Central, Maido foram os "número 1" até agora. O posto mais alto de uma casa brasileira foi do D.O.M., de Alex Atala, em segundo lugar, em 2013.
Existem vários motivos que explicam a liderança peruana nesse ranking. Mas o mais importante é o investimento na divulgação das tradições culinárias do país andino para o resto do mundo, com incentivos à participação em eventos internacionais e campanhas de incentivo ao turismo local.
No Brasil, por exemplo, o governo país vizinho aposta na Peru Week, que está em sua sexta edição e acontece entre amanhã e o dia 22 deste mês em 18 cidades brasileiras. Em São Paulo, 17 restaurantes participam da ação e oferecem menus promocionais com preço fechado que incluem pratos típicos, entre eles ceviches e lomo saltado (carne com molhos orientais, geralmente servida com arroz e batata fritas).
Ceviche, o prato mais popular do Peru (crédito: Divulgação)
O mais interessante da edição deste ano, porém, são as experiências gastronômicas que acontecem paralelamente ao festival. Amanhã às 20h, o chef Rolando Limo, do Qceviche!, recebe a chef Mayra Floras, do Shizen Barra Nikkei (em Lima), para um jantar sobre a culinária nikkei, que mistura ingredientes peruanos com técnicas da cozinha japonesa.
Na quinta-feira (8), chef Enrique Paredes, do Barrakhuda (também em Lima) fará um menu com seis pratos no Ama.zo, com pratos que levam ingredientes da Amazônia peruana, como o cebiche khuda, que lava peixe do dia, formigas siquisaba e cecina (carne de porco seca e defumada) e a paleta de porco com tucupi negro e hommus de feijão.
Apesar de mais caras (os jantares podem custar até R$ 220), são essas experiências que explicam melhor o motivo de o Peru hoje ser a referência gastronômica da América Latina, pois ajudam a divulgar chefs e ingredientes especiais, despertam a curiosidade entre o público e fazem com que eles pensem em conhecer o país.
É uma pena que o Brasil não faz investimentos parecidos (algo que muitos chefs já cobraram, por sinal) na dobradinha gastronomia-turismo. Afinal, em termos comida boa não devemos nada a ninguém – e poderíamos colher belos resultados.
Peru Week
https://peruweek.com.br/
Sabores do Norte & Cocina Nikkei
https://foodpass.com.br/evento/sabores-do-norte-cocina-nikkei
Menu degustação Amazônia Peruana
https://foodpass.com.br/evento/menu-degustacao-amazonia-peruana
Sobre o autor
Pedro Marques já trabalhou em redações e restaurantes, viajou bastante pelo Brasil e pelo mundo para comer e beber bem e trabalha como jornalista de gastronomia desde 2010.
Sobre o blog
Aqui você fica sabendo sobre as coisas mais “daora” dos bares e restaurantes de São Paulo! E outras nem tão daora assim.