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Miojo turbinado

Pedro Marques

22/06/2018 11h00

Kara tsukemen, servido no Hirá Ramen Izakaya (crédito: Rubens Kato)

Faz 110 anos que os primeiros imigrantes japoneses desembarcaram no Brasil. Mas demorou um tempão para que sushi, sashimi, guiozas e outros pratos caíssem no gosto do paulistano. Só no começo dos anos 2000 é que os restaurantes japoneses ficaram populares e rapidamente se espalharam – hoje, São Paulo tem mais lugares para comer sushi que lugares para comer pizza, segundo a Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes). Há uma grande oferta de rodízios de comida japonesa, nem todos mandando bem, mas isso é assunto para outro dia.

Hoje o tema é o lámen, sopa de macarrão japonesa que, por enquanto, não é tão conhecida por aqui. Ela vem em uma tigela grande, com bastante macarrão e um caldo saboroso, que pode ser temperado de várias maneiras. Por cima, costuma vir uma fatia de copa-lombo, um ovo cozido, cebolinha, folha de alga e o que mais o dono da casa tiver vontade de colocar. Cai muito bem nos dias mais frios, mas, quem gosta (eu!), come em qualquer temperatura. No Japão, o prato faz parte do dia a dia: são mais de 10 mil casas, segundo estatísticas de lá.

Para quem ainda não conhece, parece um miojo metido à besta – como ouvi de uma amiga que morava ao lado de um restaurante de lámen há uns anos. A comparação faz sentido: o miojo que vende no mercado é um lámen, só que a qualidade é bem inferior e falta, apenas, todos os acompanhamentos. O que faz um lámen bom é o trabalho gasto com a sopa. Trabalho demais, por sinal. Primeiro, é feito um caldo, que pode ser claro ou turvo. O claro costuma ser feito com água, temperos e ossos frango e/ou porco e é cozido por várias horas. Já o turvo é feito com água, temperos e apenas ossos de porco cozidos por até 48 horas, até ficar bem denso e cremoso.

Depois de prontos, os caldos são temperados com sal, shoyu ou missô (pasta de soja fermentada), os sabores mais fáceis de achar. Cada restaurante de lámen que se leva a sério tem sua receita exclusiva, cheias de segredos e com personalidades diferentes – uns são mais suaves, outros mais fortes. Só provando para saber qual combina mais com seu paladar. Ahn, uma dica ao provar: vale fazer barulho enquanto toma a sopa. Se gostar muito, pode pegar a tigela e virar para tomar o caldinho que fica no fundo, não é falta de educação, não.

Por ora, há poucos restaurantes de lámen em São Paulo – especialmente quando comparamos com as casas de sushi, temakerias etc. E dificilmente vai ser algo tão popular quanto no Japão. Mas já dá para se divertir bem. Abaixo, algumas dicas para provar esse miojo turbinado.

Aska
Um dos primeiros restaurantes dedicados à sopa de macarrão japonesa. Prove o shoyu lámen. É para sentar, comer, pagar e vazar. É barato, só aceita dinheiro e tem fila de fim de semana.
Onde: Rua Galvão Bueno, 466, Liberdade
Telefone: (11) 3277-9682

JoJo Ramén
O cardápio é feito por Takeshi Koitani, chef que tem duas casas de lámen em Nakano, região metropolitana de Tóquio. Tanto o caldo quanto o macarrão são feitos na casa. Chegue cedo, porque tem fila.
Onde: Rua Dr. Rafael de Barros, 262, Paraíso
Telefone: (11) 3262-1654

Hirá Ramen Izakaya
Além da sopa de macarrão, serve várias comidinhas típicas dos botecos japoneses e tem drinques. O kara tsukemen vem em duas tigelas: uma com o lámen e acompanhamentos em temperatura ambiente, outra com o caldo. Você chucha o lámen no caldo e manda bala.
Onde: Rua Fradique Coutinho, 1240, Vila Madalena
Telefone: (11) 3031-2025

Tan Tan Noodle Bar
Pequeno e de cardápio enxuto, tem também um ótimo katsu sando (sanduíche de barriga de porco empanada). Prove o karê lámen, que vem com caldo temperado com curry japonês.
Onde: Rua Fradique Coutinho, 153, Pinheiros
Telefone: (11) 2373-3587

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Sobre o autor

Pedro Marques já trabalhou em redações e restaurantes, viajou bastante pelo Brasil e pelo mundo para comer e beber bem e trabalha como jornalista de gastronomia desde 2010.

Sobre o blog

Aqui você fica sabendo sobre as coisas mais “daora” dos bares e restaurantes de São Paulo! E outras nem tão daora assim.

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