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Na crise, bares e restaurantes "baratos" saem ganhando

Pedro Marques

13/08/2019 09h13

crédito: iStock

Comer fora de casa, você já deve ter reparado, está mais caro. Um levantamento da Kantar, multinacional de painéis de consumo, divulgado no fim de julho confirma essa percepção. Segundos o estudo, os pratos de cardápio subiram, em média, 8% entre março de 2018 e de 2019 no Brasil.

Por causa disso, 62% dos paulistas fizeram refeições fora de casa em março deste ano. No mesmo período do ano passado, esse índice era de 68%, o que quer dizer que cerca de 720 mil pessoas deixaram de ir a restaurantes. Isso só no Estado de São Paulo.

Além disso, as autoridades não estão facilitando a vida do segmento, explica Maricato. Por exemplo, a Prefeitura de São Paulo passou a cobrar uma taxa para que os estabelecimentos coloquem mesas na calçada. Já o Governo do Estado de São Paulo passou a cobrar ICMS dos pescados, surpreendendo os donos de várias casas.

Com esse cenário nada animador, muitos bares e restaurantes decidem fechar as portas. E não é de se estranhar que donos de estabelecimentos tenham reclamado bastante. Só nas últimas duas semanas, ouvi quatro pessoas afirmando que estão pensando em encerrar as atividades.

Lembrando que o índice de mortalidade nesse setor é alto: a cada 100 bares e restaurantes abertos, 35 fecham em um ano. Apenas três sobrevivem mais de 10 anos. Na atual conjuntura, porém, eles fecham mais rápido.

"É uma coisa muito natural, os setores ligados ao lazer, incluindo bares e restaurantes, são os que mais sofrem em épocas de crise", afirma Percival Maricato, presidente da Abrasel-SP (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes de São Paulo). "Quem ia mais (a restaurantes), vai menos, só uma vez por mês. Quem gastava mais, gasta menos, divide o prato. E por aí vai."

Por outro lado, há quem consiga aproveitar a pindaíba –especialmente bares e restaurantes conhecidos pelos preços mais camaradas. Talvez o movimento neles tenha caído, mas basta passar por endereços como Pé pra Fora (Pompéia), Mercearia São Pedro (na Vila Madalena), No Name e Bar do Biu, em Pinheiros, ou o bar Varanda, no Tatuapé, para ver que eles continuam cheios.

Pode ser que a cerveja especial e o hambúrguer não caibam mais no orçamento com frequência. Já uma gelada na garrafa e uma porção de frango à passarinho são uma diversão mais acessível.

Pelo menos é um alento num ano que a economia não dá sinais de recuperação tão cedo: no segundo trimestre de 2019, foi registrada uma queda de 0,13% no Índice de Atividade Econômica (IBC-Br). No primeiro trimestre do ano, o mesmo índice apresentou recuo de 0,2% –ou seja, o país entrou em recessão técnica, que é quando o PIB cai por dois trimestres seguidos.

Sobre o autor

Pedro Marques já trabalhou em redações e restaurantes, viajou bastante pelo Brasil e pelo mundo para comer e beber bem e trabalha como jornalista de gastronomia desde 2010.

Sobre o blog

Aqui você fica sabendo sobre as coisas mais “daora” dos bares e restaurantes de São Paulo! E outras nem tão daora assim.

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